O Banco Central brasileiro declarou em nota ao G1 que o assunto não tem importância no momento. "A própria lei estabelece que sejam regulados apenas os arranjos de pagamentos que, segundo avaliação técnica, possam ter importância sistêmica. O BC analisou o emprego de bitcoins e, por ora, considera que ele não é de relevância para o sistema financeiro brasileiro". Há vantagens e também riscos no bitcoin, e alguns comerciantes brasileiros estão começando a despertar para o seu uso. A mais visível delas é conseguir fugir das taxas de bancos e de operadoras de cartão. A adoção como meio de pagamento já ocorre no Brasil por 27 estabelecimentos comerciais, de acordo com o Coin Map – serviço que reúne lugares que se dispõem a receber pagamentos dessa forma. No total, já são mais de 2,6 mil em todo o mundo. A Campus Party Brasil em São Paulo, evento já tradicional voltado à tecnologia, teve um caixa eletrônico para troca de reais pela nova moeda. Sem taxa de serviço Transferir bitcoins atualmente não custa nada. Esse cenário torna a moeda atrativa para quem precisa enviar dinheiro de um país para outro, processo em que taxas bancárias e de câmbio inflam os custos. Já existem brasileiros donos de hostels (albergues), lojas de suplementos vitamínicos, bares e até profissionais como taxistas e chaveiros que fazem suas transações com bitcoins. Em Santos, no litoral de SP, um apartamento de 90 m² (com três quartos e dois banheiros) é vendido por US$ 250 mil (R$ 598,5 mil). O empresário Rodrigo Souza, que mora em Nova York, aceita apenas a nova moeda como forma de pagamento. Adepto do bitcoin há cerca de dois meses, o Caracol Hostel de Florianópolis recebeu pela estadia de um hóspede alemão o valor de R$ 240, pouco menos de 0,1 BTC na época. Outros dois turistas da Polônia entraram em contato com o estabelecimento, fizeram reservas para se hospedar no local e avisaram que pagarão com bitcoins. "Por que a gente não deveria aceitar?", pergunta Enzo Baldessar, funcionário do hostel responsável pela implantação. "As operadoras de cartão de crédito cobram 5%. Em uma operação recente, um cara mexeu US$ 150 milhões (R$ 359 milhões) sem pagar nada de tarifa. É muito eficiente. Quanto ele não pagaria se fizesse uma operação interbancária? Seria dinheiro jogado fora."