Primeiro Evangelho de Pedro - A Infância de Cristo Segundo Pedro (Part. 01)


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DATE: June 27, 2016, 1:19 p.m.

UPDATED: June 27, 2016, 1:22 p.m.

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HITS: 2603

  1. Primeiro Evangelho de Pedro - A Infância de Cristo Segundo Pedro (Part. 01)
  2. A infância de Cristo
  3. Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo, Deus único.
  4. Com o auxílio e a ajuda do Deus todo poderoso, começamos a escrever o livro dos milagres de nosso Salvador, Mestre e Senhor Jesus Cristo, que se intitula o Evangelho da Infância, conforme narrado por Maria, sua mãe, na paz do Nosso Senhor e Salvador. Que assim seja.
  5. Palavras de Jesus no Berço
  6. Encontramos no livro do grande sacerdote Josefo que viveu no tempo de Jesus Cristo, e que alguns chamam de Caifás, que Jesus falou quando estava no berço e que disse a sua mãe Maria:
  7. - Eu, que nasci de ti, sou Jesus, o filho de Deus, o Verbo, como te anunciou o anjo Gabriel, e meu Pai me enviou para a salvação do mundo.
  8. Viagem a Belém
  9. No ano de 309 da era de Alexandre, Augusto ordenara que todos fossem recenseados em sua cidade natal. José partiu, então, conduzindo Maria, sua esposa. Vieram a Jerusalém, de onde se dirigiram a Belém para inscreverem-se no local onde ele havia nascido. Quando estavam próximos a uma caverna, Maria disse a José que sua hora havia chegado e que não poderia ir até a cidade.
  10. - Entremos nesta caverna - disse ela.
  11. O sol estava começando a se pôr. José apressou-se em procurar uma mulher que assistisse Maria no parto e encontrou uma anciã que vinha de Jerusalém.
  12. Saudando-a, disse-lhe:
  13. - Entra na caverna onde encontrarás uma mulher em trabalho de parto.
  14. A Parteira de Jerusalém
  15. Após o pôr-do-sol, José chegou com a anciã à caverna e eles entraram. Eis que a caverna estava resplandecendo com uma claridade que superava a de uma infinidade de labaredas e brilhava mais do que o sol do meio-dia. A criança, enrolada em fraldas e deitada numa manjedoura, mamava no seio da mãe. Ambos ficaram surpresos com o aspecto daquela claridade e a anciã disse a Maria:
  16. - És tu a mãe desta criança?
  17. Ao responder afirmativamente Maria, disse-lhe:
  18. - Não és semelhante às filhas de Eva.
  19. Respondeu Maria respondeu:
  20. - Assim como entre as crianças dos homens não há nenhuma que seja semelhante ao meu filho, assim também sua mãe não tem par entre todas as mulheres.
  21. A anciã disse então:
  22. - Senhora e ama, vim para receber uma recompensa que perdurará para todo o sempre.
  23. Maria lhe disse, então:
  24. - Põe tuas mãos sobre a criança.
  25. Quando a anciã o fez, foi purificada. Ao sair, ela disse:
  26. - A partir deste momento, eu serei a serva desta criança e quero consagrar-me a seu serviço, por todos os dias da minha vida.
  27. A Adoração dos Pastores
  28. Em seguida, quando os pastores chegaram e acenderam o fogo, entregando-se à alegria, as cortes celestes apareceram, louvando e celebrando o Senhor, a caverna parecia-se com um templo augusto, onde reis celestiais e terrestres celebravam a glória e os louvores de Deus por causa da natividade do Senhor Jesus Cristo. E esta anciã hebréia, vendo estes milagres resplandecentes, rendia graças a Deus, dizendo:
  29. - Eu te rendo graças, ó Deus, Deus de Israel, porque os meus olhos viram a natividade do Salvador do mundo.
  30. Circuncisão
  31. Quando chegou o tempo da circuncisão, isto é, o oitavo dia, época na qual o recém-nascido deve ser circuncidado segundo a lei, eles o circuncidaram na caverna e a velha anciã recolheu o prepúcio e colocou-o em um vaso de alabastro, cheio de óleo de nardo velho. Como tivesse um filho que comercializava perfumes, Maria deu-lhe o vaso, dizendo:
  32. - Muito cuidado para não vender este vaso cheio de perfume de nardo, mesmo que te ofereçam trezentos dinares.
  33. E este é o vaso que Maria, a pecadora, comprou e derramou sobre a cabeça e sobre os pés de Nosso Senhor Jesus Cristo, enxugando-os com seus cabelos.
  34. Quando dez dias se haviam passado, eles levaram a criança para Jerusalém e, ao término da quarentena, eles o apresentaram no templo do Senhor, oferecendo por ele as oferendas prescritas pela lei de Moisés, que diz:
  35. - Toda criança do sexo masculino que sair de sua mãe será chamada o santo de Deus.
  36. Apresentação no Templo
  37. O velho Simeão viu o menino Jesus resplandecente de claridade como um facho de luz, quando a Virgem Maria, cheia de alegria, entrou com ele em seus braços. Uma multidão de anjos rodeava-o, louvando-o e acompanhando-o, assim como os satélites de honra seguem seu rei. Simeão, pois, aproximando-se rapidamente de Maria e estendendo suas mãos para ela, disse ao Senhor Jesus:
  38. - Agora, Senhor, teu servo pode retirar-se em paz, segundo tua promessa, pois meus olhos viram tua misericórdia e o que preparaste para a salvação de todas as nações, luz de todos os povos e a glória de teu povo de Israel.
  39. A profetisa Ana também estava presente, rendia graças a Deus e celebrava a felicidade de Maria.
  40. Adoração dos Magos
  41. Aconteceu que, enquanto o Senhor vinha ao mundo em Belém, cidade da Judéia, Magos vieram de países do Oriente a Jerusalém, tal como havia predito Zoroastro, e traziam com eles presentes: ouro, incenso e mirra. Adoraram a criança e renderam-lhe homenagem com seus presentes. Então Maria pegou uma das faixas, nas quais a criança estava envolvida, e deu-a aos magos que receberam-na como uma dádiva de valor inestimável. Nesta mesma hora, apareceu-lhes um anjo sob a forma de uma estrela que já lhes havia servido de guia, e eles partiram, seguindo sua luz, até que estivessem de volta a sua pátria.
  42. A Chegada dos Magos à sua Terra
  43. Os reis e os príncipes apressaram-se em se reunir em torno dos magos, perguntando-lhes o que haviam visto e o que havia feito, como haviam ido o como haviam voltado e que companheiros eles haviam tido então durante a viagem. Os magos mostraram-lhes a faixa que Maria lhes havia dado. Em seguida, celebraram uma festa, acenderam o fogo segundo seus costumes, adoraram a faixa e a jogaram nas chamas. As chamas envolveram-na.
  44. Ao apagar-se o fogo, eles retiraram o pano e viram que as chamas não haviam deixado nele nenhum vestígio. Eles se puseram então a beijá-lo e a colocá-lo sobre suas cabeças e sobre seus olhos, dizendo:
  45. - Eis certamente a verdade! Qual é pois o preço deste objeto que o fogo não pode nem consumir nem danificar?
  46. E pegando-o, depositaram-no com grande veneração entre seus tesouros.
  47. A Cólera de Herodes
  48. Herodes, vendo que os magos não retornavam a visitá-lo, reuniu os sacerdotes e os doutores e disse-lhes:
  49. - Mostrai-me onde deve nascer o Cristo.
  50. Quando responderam que era em Belém, cidade da Judéia, Herodes pôs-se a tramar, em seu espírito, o assassinato do Senhor Jesus. Então um anjo apareceu a José, durante o sono, e disse-lhe:
  51. - Levanta-te, pegue a criança e sua mãe e foge para o Egito.
  52. Quando o galo cantou, José levantou-se e partiu.
  53. Fuga para o Egito
  54. Enquanto ele refletia sobre o caminho que ele devia seguir, a aurora o surpreendeu. A correia da sela se havia rompido ao se aproximarem de uma grande cidade, onde havia um ídolo, ao qual os outros ídolos e divindades do Egito rendiam homenagem e ofereciam presentes. Sempre que Satã falava pela boca do ídolo, os sacerdotes relatavam o que ele dizia aos habitantes do Egito e de suas margens.
  55. Um sacerdote tinha um filho de trinta anos que estava possuído por um grande número de demônios. Ele profetizava e anunciava muitas coisas. Quando os demônios se apossavam dele, rasgavam suas roupas e ele corria nu pela cidade, jogando pedras nos homens.
  56. A hospedaria dessa cidade ficava perto deste ídolo. Quando José e Maria lá chegaram e se hospedaram, os habitantes ficaram profundamente perturbados e todos os príncipes e sacerdotes dos ídolos se reuniram ao redor desse ídolo, perguntando-lhe:
  57. - De onde vem esta agitação universal e qual é a causa deste pavor que se apoderou de nossos país?
  58. O ídolo respondeu:
  59. - Esse assombro foi trazido por um Deus desconhecido, que é o Deus verdadeiro, e ninguém a não ser ele é digno das honras divinas, pois ele é o verdadeiro Filho de Deus. À sua aproximação, esta região tremeu. Ela se emocionou e se assombrou e nós sentimos um grande temor por causa do seu poder.
  60. Neste momento, esse ídolo caiu e quebrou-se, tal como os outros ídolos que estavam no país. Sua queda fez acorrerem todos os habitantes do Egito.
  61. A Cura do Menino Endemoninhado
  62. O filho do sacerdote, acometido do mal que o afligia, entrou no albergue insultando José e Maria, já que os outros hóspedes haviam fugido. Como Maria havia lavado as fraldas do Senhor Jesus e as estendera sobre umas madeiras, o menino possuído pegou uma das fraldas e colocou-a sobre sua cabeça. Imediatamente os demônios fugiram, saindo pela boca, e foram vistos sob a forma de corvos e serpentes. O menino foi curado instantaneamente pelo poder de Jesus Cristo e se pôs a louvar o Senhor que o havia libertado e rendeu-lhe mil ações de graça.
  63. Quando seu pai viu que ele havia recobrado a saúde, exclamou, admirado:
  64. - Meu filho, mas o que te aconteceu e como foste tu curado?"
  65. O filho respondeu:
  66. - No momento em que me atormentavam, eu entrei na hospedaria e lá encontrei uma mulher de grande beleza, que estava com uma criança. Ela estendia sobre umas madeiras as fraldas que acabara de lavar. Eu peguei uma delas e coloquei-la sobre minha cabeça e os demônios fugiram imediatamente e me abandonaram.
  67. O pai, cheio de alegria, exclamou:
  68. - Meu filho, é possível que essa criança seja o Filho do Deus vivo que criou o céu e a terra e, assim que passou por nós, o ídolo partiu-se, os simulacros de todos os nossos deuses caíram e uma força superior à deles destruiu-os.
  69. Os Temores da Sagrada Família
  70. Assim se cumpriu a profecia que diz:
  71. - Chamei o meu filho do Egito.
  72. Quando José e Maria souberam que esse ídolo se havia quebrado, foram tomados de medo e de espanto e diziam:
  73. - Quando estávamos na terra de Israel, Herodes queria que Jesus morresse e, com esta intenção, ele ordenou o massacre de todas as crianças de Belém e das vizinhanças. É de se temer que os egípcios nos queimem vivos, se eles souberem que esse ídolo caiu.
  74. Os Salteadores
  75. Eles partiram e passaram nas proximidades do covil de ladrões, que despojavam de suas roupas e pertences os viajantes que por ali passavam e, após tê-los amarrado, os arrastavam pelo deserto. Esses ladrões ouviram um forte ruído, semelhante ao do rei que saiu de sua capital ao som dos instrumentos musicais, escoltado por grande exército e por uma numerosa cavalaria. Apavorados, então, deixaram ali todo o seu saque e apressaram-se em fugir. Os cativos, levantando-se, cortaram as cordas que os prendiam e, tendo retomado sua bagagem, iam retirar-se, quando viram José e Maria que se aproximavam e perguntaram-lhes:
  76. - Onde está este rei cujo cortejo, com seu barulho, assustou os ladrões a ponto de eles terem e nos libertado?
  77. José respondeu:
  78. - Ele nos segue.
  79. A Endemoninhada
  80. Chegaram em seguida a outra cidade, onde havia uma mulher endemoninhada. Quando ela ia buscar água no poço durante a noite, o espírito rebelde e impuro apossava-se dela. Ela não podia suportar nenhuma roupa, nem morar em uma casa. Todas as vezes que a amarravam com cordas e correntes, ela as partia e fugia nua para locais desertos. Ficava nas estradas e perto de sepulturas, perseguindo e apedrejando aqueles que encontrava no caminho, de forma que ela era, para seus pais, motivo de luto.
  81. Maria viu-a e foi tomada de compaixão. Imediatamente Satã a deixou e fugiu sob a forma de um jovem rapaz, dizendo:
  82. - Infeliz de mim, por tua causa, Maria, e por causa do teu filho!
  83. Quando essa mulher foi libertada da causa de seu tormento, olhou ao seu redor e, corando por sua nudez, procurou seus pais, evitando encontrar as pessoas. Após haver vestido suas roupas, ela contou ao seu pai e aos seus o que lhe havia acontecido. Como eles fizessem parte dos habitantes mais distintos da cidade, hospedaram em sua casa José e Maria, demonstrando por eles um grande respeito.
  84. A Jovem Muda
  85. No dia seguinte, José e Maria prosseguiram sua viagem. À noite chegaram a uma cidade onde estava sendo celebrado um casamento. Mas, em decorrência das ciladas do espírito maligno e dos encantamentos de alguns feiticeiros, a esposa ficara muda, de forma que ela não podia mais falar. Quando Maria entrou na cidade, trazendo nos braços o filho, o Senhor Jesus, aquela que havia perdido o uso da palavra avistou-o e imediatamente pegou-o em seus braços. Abraçou-o, apertando-o junto ao seu seio e cobrindo-o de carinho. Imediatamente o laço que travava sua língua partiu-se e seus ouvidos se abriram. Ela começou a glorificar e a agradecer a Deus que a havia curado. Naquela noite, houve uma grande alegria entre os habitantes dessa cidade, pois acreditavam todos que Deus e seus anjos haviam descido no meio deles.
  86. Outra Endemoninhada
  87. José e Maria passara três dias nesse lugar, onde foram recebidos com grande veneração e esplendidamente tratados. Munidos de provisões para a viagem, partiram dali e chegaram a uma outra cidade. Como ela era próspera e seus habitantes tinha boa reputação, eles pernoitaram lá. Havia nessa cidade uma boa mulher. Um dia em que ela havia descido até o rio para lavar-se, um espírito maldito, assumindo a forma de uma serpente, havia se jogado sobre e cingido o seu ventre. Todas as noites estendia-se sobre ela. Quando essa mulher viu Maria e o Senhor Jesus que ela trazia contra o seio, rogou à Santa Virgem que lhe permitisse segurar e beijar a criança. Maria consentiu, e assim que a mulher tocou a criança, Satã abandonou-a e fugiu. Desde então ela não mais o viu. Todos os vizinhos louvaram o Senhor e a mulher recompensou-os com grande generosidade.
  88. Uma Leprosa
  89. No dia seguinte, essa mulher preparou água perfumada para lavar o menino Jesus e após o haver lavado, guardou essa água. Havia lá uma jovem cujo corpo assava, coberto pela lepra branca. Lavou-se ela com essa água e foi imediatamente curada. O povo dizia então:
  90. - Não resta dúvida de que José e Maria e essa criança sejam Deuses, pois eles não podem ser simples mortais.
  91. Quando eles se preparavam para partir, essa jovem, que havia sido curada da lepra, aproximou-se deles e rogou-lhes que lhe permitissem acompanhá-los.

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