Primeiro Evangelho de Pedro - A Infância de Cristo Segundo Pedro (Part. 02)


SUBMITTED BY: onerisgf

DATE: June 27, 2016, 1:21 p.m.

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HITS: 2294

  1. Primeiro Evangelho de Pedro - A Infância de Cristo Segundo Pedro (Part. 02)
  2. Um Menino Leproso
  3. Eles consentiram e ela foi com eles. Chegaram a uma cidade, onde havia o castelo de um poderoso príncipe. Foram até lá e se hospedaram nele. A jovem, aproximando-se da esposa do príncipe, encontrou-a triste e chorando. Perguntou-lhe, então, qual a causa daquele pesar:
  4. - Não te espantes de me ver entregue à aflição. Estou em meio a uma grande calamidade, que não ouso contar a ninguém.
  5. A jovem tornou:
  6. - Se me confessares qual é teu mal, talvez encontres remédio junto a mim.
  7. A esposa do príncipe disse-lhe:
  8. - Não revelarás este segredo a ninguém. Casei-me com um príncipe cujo império, semelhante a um império de um rei, estende-se por vastos estados e, após haver vivido por muito tempo com ele, ele não teve de mim nenhum descendente. Finalmente, eu concebi, mas trouxe ao mundo uma criança leprosa. Após havê-lo visto, ele não quis reconhecê-lo como seu filho e me disse para matar a criança ou entregá-la a uma ama para que a criasse num local tão afastado, para que não mais ouvíssemos sobre ela. Além disso, ele me mandou pegar o que é meu, pois não queria me ver mais. Eis porque me entrego à dor, deplorando a calamidade que sobre mim se abateu. Choro por meu marido e por meu filho.
  9. A jovem respondeu-lhe:
  10. - Pois não te disse que eu tenho para ti o remédio que te havia prometido? Eu também fui atingida pela lepra, mas fui curada por uma graça de Deus, que é Jesus, o filho de Maria.
  11. A mulher perguntou-lhe, então, onde estava esse Deus do qual falava. A jovem respondeu-lhe:
  12. - Ele está bem aqui, nesta casa".
  13. Perguntou a princesa:
  14. - Como pode ser isso, onde está ele?
  15. A jovem respondeu:
  16. - Aqui estão José e Maria. A criança que está com eles é Jesus e foi ele quem me curou dos meus sofrimentos.
  17. - E por que meio pôde ele te curar? Não vais me contar? - quis saber a princesa.
  18. A jovem explicou:
  19. - Recebi de sua mãe a água na qual ele havia sido lavado, espalhei-la então sobre meu corpo e minha lepra desapareceu.
  20. A esposa do príncipe ergueu-se, então, e recebeu José e Maria.
  21. Preparou para José um magnífico festim, para o qual muitas pessoa foram convidadas. No dia seguinte, ela pegou água perfumada a fim de lavar o Senhor Jesus e ela lavou, com essa mesma água, o seu filho, que ela havia trazido consigo, e logo ele se curou da lepra.
  22. Ela se pôs a cantar louvores a Deus e a render-lhe graças, dizendo-lhe:
  23. - Feliz da mãe que te gerou, ó Jesus! A água com a qual o teu corpo foi lavado cura os homens que têm tua natureza.
  24. Ela ofereceu presentes a Maria e dela despediu-se, tratando-a com grande deferência.
  25. Um Feitiço
  26. Chegaram a outra cidade onde deviam pernoitar. Foram à casa de um homem recém-casado que, atingido por um malefício, não podia desfrutar sua esposa. Após haverem eles passado a noite perto do homem, o encantamento quebrou-se. Quando o dia amanheceu, preparavam-se para prosseguir a viagem, mas o esposo impediu-os de partir e preparou-lhes um grande banquete.
  27. A História de um Mulo
  28. No dia seguinte partiram e, ao se aproximarem de uma outra cidade, viram três mulheres que se afastavam de um túmulo, a verter em lágrimas. Maria, tendo-as visto, disse à jovem que os acompanhava:
  29. - Pergunta-lhes quem são elas e qual a desgraça que se lhes abateu.
  30. Elas não responderam mas puseram-se a interrogá-la, dizendo:
  31. - Quem sois vós, e para onde ides? Pois o dia está terminando e a noite se aproxima.
  32. A moça respondeu:
  33. - Somos viajantes e procuramos uma hospedaria para passar a noite.
  34. As mulheres disseram:
  35. - Acompanhai-nos e passai a noite em nossa casa.
  36. Eles seguiram essas mulheres e foram levados a uma casa nova, ornada e decorada por diversos móveis. Era inverno e a jovem moça, tendo entrado no quarto dessas mulheres, encontrou-as chorando e se lamentando. Ao lado delas, coberta por uma manta de seda, encontrava-se um mulo com forragem à sua frente. Elas davam-lhe de comer e o beijavam.
  37. A jovem disse então:
  38. - Ó, minha senhora, como é belo este mulo!
  39. Elas responderam chorando:
  40. - Este mulo que estás vendo é nosso irmão, que nasceu de nossa mãe. Nosso pai deixou-nos com sua morte grandes riquezas e nós só tínhamos este irmão, para quem tentávamos encontrar um casamento conveniente. Porém, mulheres dominadas pelo espírito da inveja, lançaram sobre ele, sem que soubéssemos, encantamentos. E uma certa noite, um pouco antes do amanhecer, estando fechadas as portas da nossa casa, encontramos nosso irmão transformado em mulo, tal qual o vês hoje. Entregamo-nos à tristeza, visto que não tínhamos mais nosso pai para consolar-nos. Consultamos todos os sábios do mundo, todos os magos e os feiticeiros, tentamos de tudo, mas nenhum deles nada pôde fazer por nós. Eis porque sempre que nosso coração está a ponto de explodir de tristeza. Nós nos levantamos e vamos, junto com a nossa mãe que aqui está, ao túmulo de meu pai e, após haver chorado, retornamos para cá.
  41. Volta a Ser Homem
  42. Ao ouvir tal coisas, a jovem disse:
  43. - Tende coragem e parai de chorar, pois a cura de vossos males está muito próxima, em vossa morada. Eu era leprosa, mas após haver visto essa mulher e a criança que está com ela e que se chama Jesus, e após haver derramado sobre meu corpo a água com a qual a sua mãe o havia lavado, eu me curei. Eu sei que ele pode pôr um fim à vossa desgraça. Levantai-vos, aproximai-vos de Maria, conduzi-o aos vossos aposentos, revelai-lhe o segredo que acabais de me contar e suplicai-lhe piedade.
  44. Ao ouvirem tais palavras proferidas pela jovem, elas se apressaram em ter com Maria. Levaram o multo até o quarto e lhe disseram, chorando:
  45. - Maria, Nossa Senhora, tem compaixão de tuas servas, pois nossa família está desprovida de seu chefe e não temos um pai ou um irmão que nos proteja. Este mulo que aqui vês é nosso irmão. Algumas mulheres, com seus encantamentos, reduziram-no a este estado. Rogamos-te, pois, que tenhas piedade de nós.
  46. Maria, comovida e chorando como as mulheres, ergueu o menino Jesus e colocou-o sobre o dorso do mulo, dizendo:
  47. - Meu filho, cura este mulo através do teu grande poder e faze com que este homem recobre a razão, da qual foi privado.
  48. Nem bem essas palavras haviam saído dos lábios de Maria e o mulo já havia retomado a forma humana, mostrando-se sob os traços de um belo rapaz. Não lhe restava nenhuma deformidade. Ele, sua mãe e suas irmãs adoraram Maria e, erguendo o menino acima de suas cabeças, beijaram-no, dizendo:
  49. - Feliz de tua mãe, ó Jesus, Salvador do mundo! Felizes os olhos que gozam da felicidade da tua presença.
  50. As Bodas
  51. As duas irmãs disseram à mãe:
  52. - Nosso irmão retomou a forma primitiva, graças à intervenção do Senhor Jesus e aos bons conselhos dessa jovem, que nos sugeriu recorrer a Maria e ao seu filho. Agora, já que nosso irmão não está casado, pensamos que seria conveniente que ele desposasse essa moça.
  53. Após haverem feito este pedido a Maria e haver ela consentido, fizeram para as bodas preparativos esplêndidos. A dor transformou-se em alegria e o choro cedeu espaço ao riso. Elas só fizeram cantar e regozijar-se, enfeitadas com magníficas vestimentas e jóias preciosas. Ao mesmo tempo, entoavam cânticos de louvor a Deus, dizendo:
  54. - Ó, Jesus, Filho de Deus, que transformaste nossa aflição em contentamento e nossas lamúrias em gritos de alegria!
  55. José e Maria lá permaneceram por dez dias. Ao partirem, receberam demonstrações de veneração de parte de toda a família, que despediu-se deles chorando muito, principalmente a moça que se desfazia em lágrimas.
  56. Os Salteadores
  57. Chegaram, em seguida, a um deserto. Como lhes haviam dito que era infestado de ladrões, prepararam-se para atravessá-lo durante a noite. Eis que, de repente, avistaram dois ladrões que dormiam e, perto deles, muitos outros ladrões, seus companheiros, que também estavam entregues ao sono. Esses dois ladrões chamavam-se Titus e Dumachus.
  58. O primeiro disse ao outro:
  59. - Eu te peço que deixes estes viajantes irem em paz, para que nossos companheiros não os vejam.
  60. Tendo Dumachus recusado, Titus disse-lhe:
  61. - Dou-te quarenta dracmas e fica com meu cinto como penhor.
  62. Deu-lhe o cinto e, ao mesmo tempo, pediu que não desse alarme. Maria, vendo esse ladrão tão disposto a servi-los, disse-lhe:
  63. - Que Deus te proteja com sua mão direita e que ele te conceda a remissão de teus pecados".
  64. O Senhor Jesus disse a Maria:
  65. - Daqui a trinta anos, ó minha mãe, os judeus me crucificarão em Jerusalém e estes dois ladrões serão postos na cruz ao meu lado: Titus à minha direita e Dumachus à minha esquerda. Neste dia, Titus me precederá no Paraíso.
  66. Quando ele assim falou, sua mãe respondeu-lhe:
  67. - Que Deus afaste de ti semelhante desgraça, ó meu filho!
  68. Foram dar, em seguida, em uma cidade, cheia de ídolos. Quando eles se aproximavam, ela foi transformada em um monte de areia.
  69. A Sagrada Família em Mataréia
  70. Foram ter, em seguida, a um sicômoro, que chamam hoje de Mataréia, e o Senhor Jesus fez surgir neste lugar uma fonte, onde Maria lavou sua túnica. O bálsamo que produz esse país vem do suor que escorreu pelos membros de Jesus.
  71. A Sagrada Família em Mênfis
  72. Foram então a Mênfis e, tendo visitado o faraó, permaneceram três anos no Egito, onde o Senhor Jesus fez muitos milagres, que não estão consignados nem no Evangelho da Infância, nem no Evangelho Completo.
  73. A volta para Nazaré
  74. Depois de três anos, eles deixaram o Egito e voltaram para a Judéia. Quando já estavam próximos, José teve medo de entrar lá, porque acabara de saber que Herodes estava morto e que seu filho Arquelaus havia lhe sucedido. Um anjo de Deus apareceu-lhe, porém, e disse-lhe:
  75. - José, vai para a cidade de Nazaré e estabelece ali tua residência.
  76. A Peste em Belém
  77. Quando chegaram a Belém, havia uma proliferação de doenças graves e difíceis de serem curadas, que atacavam os olhos das crianças e lhes causavam a morte. Uma mulher, que tinha um filho atacado por esse mal, levou-o a Maria e encontrou-a banhando o Senhor Jesus.
  78. A mulher disse-lhe:
  79. - Maria, vê meu filho que sofre cruelmente.
  80. Maria, ouvindo-a, disse-lhe:
  81. - Pegue um pouco desta água com a qual eu lavei meu filho e espalha-a sobre o teu.
  82. A mulher fez como lhe havia recomendado Maria e seu filho, depois de uma forte agitação, adormeceu. Quando acordou, estava completamente curado.
  83. A mulher, cheia de alegria, foi até Maria, que lhe disse:
  84. - Rende graças a Deus por ele haver curado o teu filho.
  85. Outro Menino Agonizante
  86. Essa mulher tinha uma vizinha cujo filho fora atingido pela mesma doença e cujos olhos estavam quase fechados. Ele gritava e chorava noite e dia. Aquela cujo filho havia sido curado disse-lhe:
  87. - Por que não levas teu filho a Maria, como eu fiz, quando o meu estava prestes a morrer e ele foi curado pela água do banho de Jesus?
  88. A mulher foi pegar também daquela água e, assim que ela derramou sobre seu filho, ele foi curado. Levou então seu filho em perfeita saúde para Maria, que lhe recomendou que rendesse graças a Deus e que não contasse a ninguém o que havia acontecido.
  89. O Menino no Forno
  90. Havia na mesma cidade duas mulheres casadas com um mesmo homem e cada uma delas tinha um filho doente. Uma se chamava Maria e seu filho, Cleofás. Essa mulher levou seu filho a Maria, mãe de Jesus, e ofereceu uma bela toalha, dizendo-lhe:
  91. - Maria, recebe de mim essa toalha e, em troca, dá-me uma das tuas fraldas.
  92. Maria consentiu e a mãe de Cleofás confeccionou, com essa fralda, uma túnica, com a qual vestiu seu filho. Ele ficou curado e o filho de sua rival morreu no mesmo dia, o que causou profundo ressentimento entre essas duas mulheres.
  93. Elas se encarregavam, em semanas alternadas, dos trabalhos caseiros e, um dia em que era vez de Maria, a mãe de Cleofás, ela estava ocupada aquecendo o forno para assar pão. Precisando de farinha, deixou seu filho perto do forno. Sua rival, vendo que a criança estava sozinha, pegou-a e jogou-a no forno em brasa e fugiu. Maria retornou logo em seguida, mas qual não foi o seu espanto, quando ela viu seu filho no meio do forno, rindo, pois ele havia subitamente esfriado, como se jamais houvesse sido aquecido. Ela suspeitou que sua rival o havia jogado ali. Tirou-o de lá, levou-o até a Virgem Maria e contou-lhe o que havia acontecido.
  94. Maria disse-lhe:
  95. - Cala-te, pois eu receio por ti se divulgares tais coisas!
  96. Em seguida, a rival foi buscar água no poço e, vendo Cleofás brincando e percebendo que não havia ninguém por perto, pegou a criança e jogou-a no poço. Alguns homens que haviam vindo para tirar água viram a criança sentada na água, sem nenhum ferimento, e por meio de cordas tiraram-na de lá. Ficaram tão admirados com essa criança que renderam-lhe as mesmas homenagens devidas a um Deus.
  97. Sua mãe, chorando, carregou-o até Maria e disse-lhe:
  98. - Minha senhora, vê o que minha rival fez ao meu filho, jogando-o no poço. Ah, ela acabará, por certo, causando-lhe a morte!
  99. Maria respondeu-lhe:
  100. - Deus punirá o mal que te foi feito.
  101. Alguns dias depois, a rival foi buscar água no poço e seus pés enroscaram-se na corda e ela caiu nele. Quando acorreram, acharam-na com a cabeça partida. Ela morreu, portanto, de uma forma funesta.
  102. A palavra do sábio se cumpre em si:
  103. - Cavaram um poço e jogaram a terra em cima, mas caíram no poço que eles mesmos haviam preparado.
  104. Um Futuro Apóstolo
  105. Uma outra mulher da mesma cidade tinha dois filhos, os dois doentes. Um morreu e o outro estava agonizando. Sua mãe tomou-o nos braços e levou-o até Maria.
  106. Aos prantos, disse-lhe:
  107. - Minha senhora, vem em meu auxílio e tem piedade de mim. Eu tinha dois filhos, acabo de perder um e vejo o outro a ponto de morrer. Imploro a misericórdia do Senhor.
  108. E pôs-se a gritar:
  109. - Senhor, tu és pleno em clemência e compaixão! Tu me deste dois filhos, me levaste um deles, pelo menos deixa-me o outro.
  110. Maria, testemunha da sua extrema dor, sentiu pena e disse-lhe:
  111. - Coloca teu filho na cama de meu filho e cobre-o com suas roupas.
  112. Quando a criança foi colocada na cama, ao lado de Jesus, seus olhos já cerrados pela morte abriram-se e, chamando sua mãe em voz alta, pediu-lhe pão. Quando lhe deram, comeu-o.
  113. Então sua mãe disse:
  114. - Maria, eu sei que a virtude de Deus habita em ti, a ponto de teu filho curar as crianças que o tocam.
  115. A criança que assim foi curada é o mesmo Bartolomeu se quem se fala no Evangelho.
  116. Uma Leprosa
  117. Havia ainda no mesmo lugar uma leprosa que foi ter com Maria, mãe de Jesus, dizendo-lhe:
  118. - Minha senhora, tem piedade de mim".
  119. Maria quis saber:
  120. - Que ajuda pedes tu? Queres ouro, prata ou queres te curar da lepra?
  121. A mulher respondeu:
  122. - Que podes fazer por mim?"
  123. Maria disse:
  124. - Espera um pouco, até que eu tenha banhado e posto meu filho na cama.
  125. A mulher esperou e Maria, após o haver deitado, estendeu à mulher um vaso cheio de água do banho do seu filho e disse-lhe:
  126. - Pega um pouco desta água e espalha-a sobre o teu corpo.
  127. Assim que a doente obedeceu, curou-se e ela rendeu graças a Deus.
  128. Outra Leprosa
  129. Ela partiu em seguida, após haver permanecido três dias junto de Maria, e foi para uma cidade onde morava um príncipe, que havia desposado a filha de um outro príncipe. Quando ele viu sua esposa, porém, percebeu entre seus olhos as marcas da lepra sob a forma de uma estrela e o seu casamento foi declarado nulo e não válido.
  130. Essa mulher, vendo o desespero da princesa, perguntou-lhe a causa dessas lágrimas.
  131. A princesa respondeu-lhe:
  132. - Não me interrogues, pois a minha desgraça é tanta que eu não posso revelá-la a ninguém.
  133. A mulher insistia em saber, dizendo que talvez conhecesse algum remédio.
  134. Ela viu então as marcas da lepra entre os olhos da princesa.
  135. - Eu também fui atingida por essa doença. Fui a Belém para tratar de negócios e lá entrei numa caverna onde vi uma mulher chamada Maria. Ela carregava uma criança que se chamava Jesus. Vendo-me atingida pela lepra, ela teve pena de mim e me deu um pouco da água na qual havia lavado o corpo de seu filho. Eu espalhei essa água sobre meu corpo e fui imediatamente curada.
  136. A princesa disse-lhe então:
  137. - Levanta-te, vem comigo e mostra-me Maria.
  138. Ela foi, levando ricos presentes. Quando Maria a viu, disse:
  139. - Que a misericórdia do Senhor Jesus esteja sobre ti.
  140. Ela lhe deu um pouco da água na qual havia lavado seu filho. Assim que a princesa espalhou-a sobre o próprio corpo, ela se viu curada e rendeu graças ao Senhor, assim como todos os que ali estavam.
  141. O príncipe, ao saber que sua esposa havia sido curada, recebeu-a, celebrou um segundo casamento, e rendeu graças a Deus.
  142. Uma Jovem Endemoninhada
  143. Havia, no mesmo lugar, uma jovem que Satã atormentava. O espírito maldito aparecia-lhe sob a forma de um dragão, que queria devorá-la. Ele já havia sugado todo o sangue, de maneira que ela se parecia com um cadáver. Todas as vezes em que ele se jogava sobre ela, ela gritava e, juntando as mãos sobre a cabeça, dizia:
  144. - Desgraça, desgraça de mim, pois não existe ninguém que possa livrar-me deste horrível dragão. Seu pai, sua mãe e todos aqueles que a cercavam, testemunhas de sua infelicidade, entregavam-se à aflição e derramavam lágrimas, principalmente quando a viam chorar e gritar:
  145. - Irmãos e amigos, não existirá ninguém que possa libertar-me deste monstro?
  146. A princesa, que havia sido curada da lepra, ouvindo a voz dessa infeliz, subiu até o telhado de seu castelo e viu-a com as mãos unidas acima da cabeça, a verter copiosas lágrimas. Todos aqueles que a rodeavam estavam desolados.
  147. Ela perguntou se a mãe dessa possuída vivia ainda. Quando lhe responderam que o seu pai e sua mãe estavam ambos vivos, ela disse:
  148. - Tragam sua mãe até mim.
  149. Quando esta chegou, ela lhe perguntou:
  150. - É tua filha que está assim possuída?
  151. A mãe, tendo respondido que sim, chorou, mas a princesa disse-lhe:
  152. - Não revela o que vou te contar. Eu já fui uma leprosa, mas Maria, a mãe de Jesus Cristo, me curou. Se queres que tua filha tenha a mesma felicidade, leva-a a Belém e implora com fé a ajuda de Maria. Eu creio que voltarás cheia de alegria, trazendo tua filha curada.
  153. Imediatamente a mãe levantou-se e partiu. Foi procurar Maria e expôs-lhe o estado de sua filha. Maria, após tê-la ouvido, deu-lhe um pouco da água, na qual ela havia lavado seu filho Jesus, e disse-lhe para derramá-la sobre o corpo da possuída.
  154. Em seguida deu-lhe uma fralda do menino Jesus, acrescentando:
  155. - Pega isto e mostra-o a teu inimigo, todas as vezes em que o vir.
  156. Dizendo isso, despediu-as com suas bênçãos.

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