Todo material tem o valor que lhe é conferido pelo uso que dele se faz.Um texto é apenas uma porção
de letras impressas,até que o leitor se aproprie do que ele diz e,então,dê alma às letras fazendo-as texto
de fato. De certa forma, apropriar-se do texto do outro é torná-lo seu, é fazê-lo próprio também.
O objetivo desta Coletânea de Textos é subsidiar todo professor cursista em sua trajetória de
formação, para que seja um alfabetizador cada vez mais competente e semeie leitura e escrita
pelas escolas deste país. Os textos lidos pelo formador nos momentos de Leitura Compartilhada,
os textos expositivos que aprofundam os conteúdos trabalhados no Curso, os textos que cada
professor avalia terem qualidade suficiente para serem socializados com os companheiros do grupo,
os próprios textos... todos têm lugar no Fichário, que abriga a Coletânea e o Caderno de Registro.
O desenvolvimento das competências profissionais dos educadores passa necessariamente pela
ampliação do universo de conhecimentos e pela reflexão sobre a prática. Portanto, o Fichário pode
progressivamente se tornar um aliado nesse processo: por meio dos textos lidos e do registro
escrito, é possível não só aprender mais sobre os conteúdos da formação e analisar criticamente a
prática profissional,mas também ampliar as capacidades de leitura e escrita,de interpretação e expressão.
Em seu livro 40 escritos, (Editora Iluminuras, 2000) Arnaldo Antunes diz algo que traduz a certeza
– que também temos – de que cada texto é único: "A frase que eu digo não será a mesma
frase se sair da sua boca. Ou se eu a disser dentro de um período. Ou com outra ordem de
palavras. Ou se houver uma trilha sonora ao fundo. Ou se mudarmos a trilha sonora. Ou se ela
for escrita numa letra trêmula. Ou em tipo composto num jornal. Ou como letreiro de uma loja.
Ou se dita só para testar o eco desta sala. Ou se for mentira. Ou se tiver uma platéia escutando."
Também cada leitura é única, singular... e o desafio é compartilhá-la, torná-la acessível ao outro e
fazê-lo entender nosso ponto de vista. Afinal, a eficácia da comunicação está na aproximação
máxima entre o que se pretendia dizer, o que efetivamente se disse e o que é compreendido.
Esperamos que todos os professores cursistas não só leiam muitos textos e deles se apropriem,
mas que produzam os seus próprios, para que muitos outros leiam. Conquistando cada vez mais
essa aproximação entre o dito e o compreendido.
Equipe Pedagógica do Programa de Formação de Professores Alfabetizadores